quarta-feira, 8 de junho de 2016

CAFÉ COM POESIA


ALÔ, PRODUÇÃO?! CADÊ A POESIA, CADÊ O PÃO?
Gílian Brito

O dia amanhecera chuvoso. Logo, poucos queridos compareceram à aula hoje. No entanto, as promessas do mês não tardaram. E o sol de abril despontou, contrariando as expectativas de um dia tempestuoso.
A professora entrara na sala já indagando sobre as oferendas. Mas, não era sua aula, ainda. Era só para conferir que tudo que fora combinado estava joiado, como dizia o leãozão da turma, Alan. Raimunda, a cuidadora dos garotos, imediatamente recolhe as dádivas e se encaminha para guardá-las na cantina que Ana cuida com maior zelo.
Lorena trouxera o pão, Raimunda, o café, Lislya, o leite, a professora, o patê (que dissera não saber fazer), Alan, o carro de brinquedo, Andreza, o bom dia, Elias, o sorriso e Karine, as históooooooorias – tinha muitas, sempre, pra contar!
Parecia que tudo seguia nos “conformes”. E não só parecia. Seguia mesmo! A professora entra na sala, agora sim, sua aula. Agradece a todos pela alegria da presença e os convida a escolher, dentre alguns papeis, algumas palavras rimadas - foi assim que chamou alguns poemas que trazia consigo.
Lislya, sempre esperta, apontou para a professora e falou:
- Quero que nosso local esteja enfeitado. Quero balões. Vou pedir a tia Ariza. Ela tem! Eu vi!

A professora concordou, permitindo que Lislya fosse à sala ao lado e voltasse com as mãos cheias de balões e no, rosto, aquela satisfação estampada na face “Não disse?!”.
Iniciaram a leitura, em voz baixa. Sílabas iam, sussurros vinham... Era assim, leeeento, como os caramujos que nos envolve na entrada do colégio. Ou como o vento, que enfeita os cabelos das moças no cinema...
Na sala programada, um pequeno empecilho. Uma garotada era assistida pela professora responsável. Não podíamos ter nosso momento ali, mesmo com a sala reservada previamente, a turma, lá, precisava daquele amparo.
O que fazer?, perguntaram as meninas que seguiam a professora. Como um pilotão, em marcha, seguiram Lislya e Karine à sala da professora Suze - foi lá que encontraram amparo. Sozinhas, encheram balões, cortaram os cartazes... Sopro vai, tesoura vem, fita “engomada” pra todo lado...
Na sala, a professora continua a leitura silenciosa com os que lá estavam.
Tocou para o intervalo. Patê no pão. Ana, me ajuda?! Preciso de copos, de uma bandeja, disso, daquilo, será que dará tempo? Professora, o café está pronto! E o leite, na geladeira. Um corre-corre entre a garotada que preparava o jardim com toalha, copos, pães, sorrisos, tensões, vento, balões, vento, “pow!”, outro “pow”! Toque para retornar...
Balões a menos, a garotada estava pronta, esperta. Era hora do Café com poesia!
Fortaleza, 14 de abril de 2016.

(Texto de agradecimento da turma Final 1A, manhã, da Educação de Jovens e Adultos a todos os colaboradores dessa manhã agradabilíssima, na EEFM Monsenhor Dourado.
A escrita do texto foi motivada pela fala da Professora Nágela, que compartilhou comigo o prazer das garotas ao voltarem para casa, felizes.).

Nenhum comentário: