ALÔ, PRODUÇÃO?! CADÊ A POESIA, CADÊ O
PÃO?
Gílian
Brito
O
dia amanhecera chuvoso. Logo, poucos queridos compareceram à aula hoje. No
entanto, as promessas do mês não tardaram. E o sol de abril despontou,
contrariando as expectativas de um dia tempestuoso.
A
professora entrara na sala já indagando sobre as oferendas. Mas, não era sua
aula, ainda. Era só para conferir que tudo que fora combinado estava joiado,
como dizia o leãozão da turma, Alan. Raimunda, a cuidadora dos garotos,
imediatamente recolhe as dádivas e se encaminha para guardá-las na cantina que
Ana cuida com maior zelo.
Lorena
trouxera o pão, Raimunda, o café, Lislya, o leite, a professora, o patê (que
dissera não saber fazer), Alan, o carro de brinquedo, Andreza, o bom dia,
Elias, o sorriso e Karine, as históooooooorias – tinha muitas, sempre, pra
contar!
Parecia
que tudo seguia nos “conformes”. E não só parecia. Seguia mesmo! A professora
entra na sala, agora sim, sua aula. Agradece a todos pela alegria da presença e
os convida a escolher, dentre alguns papeis, algumas palavras rimadas - foi
assim que chamou alguns poemas que trazia consigo.
Lislya,
sempre esperta, apontou para a professora e falou:
- Quero que nosso local esteja enfeitado. Quero balões. Vou pedir a tia Ariza.
Ela tem! Eu vi!
A professora
concordou, permitindo que Lislya fosse à sala ao lado e voltasse com as mãos
cheias de balões e no, rosto, aquela satisfação estampada na face “Não
disse?!”.
Iniciaram
a leitura, em voz baixa. Sílabas iam, sussurros vinham... Era assim, leeeento,
como os caramujos que nos envolve na entrada do colégio. Ou como o vento, que
enfeita os cabelos das moças no cinema...
Na
sala programada, um pequeno empecilho. Uma garotada era assistida pela
professora responsável. Não podíamos ter nosso momento ali, mesmo com a sala
reservada previamente, a turma, lá, precisava daquele amparo.
O
que fazer?, perguntaram as meninas que seguiam a professora. Como um pilotão,
em marcha, seguiram Lislya e Karine à sala da professora Suze - foi lá que
encontraram amparo. Sozinhas, encheram balões, cortaram os cartazes... Sopro
vai, tesoura vem, fita “engomada” pra todo lado...
Na
sala, a professora continua a leitura silenciosa com os que lá estavam.
Tocou
para o intervalo. Patê no pão. Ana, me ajuda?! Preciso de copos, de uma
bandeja, disso, daquilo, será que dará tempo? Professora, o café está pronto! E
o leite, na geladeira. Um corre-corre entre a garotada que preparava o jardim
com toalha, copos, pães, sorrisos, tensões, vento, balões, vento, “pow!”, outro
“pow”! Toque para retornar...
Balões
a menos, a garotada estava pronta, esperta. Era hora do Café com poesia!
Fortaleza,
14 de abril de 2016.
(Texto
de agradecimento da turma Final 1A, manhã, da Educação de Jovens e Adultos a
todos os colaboradores dessa manhã agradabilíssima, na EEFM Monsenhor Dourado.
A escrita do texto foi motivada pela fala da Professora Nágela, que
compartilhou comigo o prazer das garotas ao voltarem para casa, felizes.).